domingo, 25 de março de 2012

Grama Sintética substitui terrão em SP


Bancada pela prefeitura, grama sintética ganha espaço do terrão no futebol de várzea

 CDC Dorotéia, na Zona Sul de São Paulo, é um dos campos que recebeu grama artificial

Futebol de várzea é sinônimo de terrão. Mas em São Paulo, essa realidade está mudando. Com um movimento liderado pelo poder público, cada vez mais campos de terra batida estão ganhando grama sintética. Um exemplo dessa escalada é a Copa Kaiser, principal torneio de futebol amador de São Paulo. A competição, que envolve 384 times em duas divisões, usa 30 campos da cidade durante cerca de oito meses. Desses, 20% são de grama sintética e o número ainda pode aumentar.

“Nosso campo ainda é terrão, mas isso vai mudar. Estamos esperando a prefeitura aprovar a verba para colocar a grama sintética. Com isso, o nível dos jogos melhora muito”, diz Francisco Prince Riveiro, o Kiko, presidente do Ajax de Vila Rica, um dos times mais populares da Copa Kaiser.

O movimento é liderado pela prefeitura de São Paulo. Segundo a Secretaria Municipal de Esportes, 36 campos já ganharam grama artificial na cidade nos últimos meses. Para isso, transformam as instalações em Clubes da Comunidade, que passam a ser geridos por três entidades diferentes – 33 dos 36 gramados sintéticos usam esse formato. O CDC Cecília Meireles, na Vila Maria, por exemplo, é administrado pela Escola de Samba Unidos da Vila Maria, G.E. Lagoinha e Magnólia. Além das partidas de times amadores realizadas no local, também é feito trabalho social, com aulas de futebol para a comunidade da região.

O mesmo acontece no CDC Parque Dorotéia, na divisa entre São Paulo e Diadema. É lá que o Pioneer, da Vila Guacuri, manda seus jogos e administra um projeto social. Há 12 anos, reúnem as crianças do bairro para ensinar o esporte. “Esse é o trabalho mais importante que fazemos. O bairro não é fácil, para perder um menino para a violência, para o trafica, é fácil. Com as escolinhas, conseguimos manter o menino na linha”, conta Sérgio Eduardo, presidente do time.

Os benefícios da grama sintética são sentidos principalmente na periferia. Como no caso do Pioneer, na maioria dos campos, a reforma aproxima equipamentos públicos de lazer com a comunidade. O CDC Dorotéia, por exemplo, foi construído entre uma creche e uma escola. Para os jogadores, as chances de lesão por buracos no campo diminuem.

Em campo, o fenômeno da grama sintética é visto com bons olhos. “As partidas ficam mais rápidas, o futebol mais bonito. Quem sabe tocar na bola, não se atrapalha com buracos e morrinhos, como na terra. Mas é claro que muita gente ainda se identifica com o terrão”, analisa Sebastião Lucas de Almeida, o Tião, técnico do atual campeão da Copa Kaiser, Classe A.

A facilidade com que a bola rola, porém, também pode ser ruim para os atletas. “É claro que o jogo fica mais bonito, você passa mais fácil, mata qualquer bola. Mas quem começa a jogar na grama sintética pode perder um pouco do poder de improviso que jogar em um campo ruim exige. Na terra, a bola quica e você não sabe para onde ela vai, fica mais difícil de fazer a matada. Quem está acostumado com isso, tira de letra quando chega no sintético. Quem só joga em grama artificial, quando vai para o terrão não segura uma bola”, alerta Vagnão, lateral-direito do Pioneer.

Reportagem: Bruno Doro do UOL, em São Paulo

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