Feito "gente grande", jovens candidatos a
astros do futebol sofrem com marias-chuteira
Jogadores da base afirmam que internet facilitou o contato com mulheres mais velhas
astros do futebol sofrem com marias-chuteira
Jogadores da base afirmam que internet facilitou o contato com mulheres mais velhas
Por: Mauricio Duarte e Paulo Amaral, do R7
A vida de um candidato a astro do futebol exige sacrifícios. Garotos de 16, 15 ou até 14 anos precisam lidar com um constante assédio de mulheres, na maioria das vezes maiores de idade. As marias-chuteira, como são chamadas na gíria do futebol, não são exclusividade de profissionais. É preciso resistir à tentação.
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Assim como os empresários que buscam essas jovens promessas, elas pensam em “investimentos” a longo prazo. Um filho antes do tempo, por exemplo, pode prejudicar a carreira dos garotos, já que eles precisam dedicar quase que 100% do tempo ao clube. Muitas histórias sobre garotos que abandonaram trajetórias promissoras circulam nos centros de treinamentos das categorias de base de grandes equipes.
Os clubes procuram blindar seus atletas como podem. Porém, a internet facilitou o contato e se tornou a principal ferramenta das garotas para chegarem a seus alvos. Sites de relacionamento como Orkut, e serviços de mensagens instantâneas, como o MSN, são os preferidos.
Danilo Vieira, de 18 anos, é jogador do São Paulo e diz que é assediado bastante desde os 16. Para ele, é preciso ter um cuidado redobrado com a internet. Os jovens jogadores mostram uma preocupação que é um sintoma de sua geração: a superexposição na rede. Uma passeada rápida pelos seus perfis na internet é o suficiente para constatar o tamanho do assédio.
- A gente tem que tomar muito cuidado com o que fala no MSN, com webcam. Elas nos procuram muito por esses meios e podem gravar conversa, essas coisas, e depois usar contra a gente. Elas veem fotos, adicionam, falam que são torcedoras. Aí não dá para recusar. Começa a chamar para uma festa, pede camisa, aí você já viu o fim da novela.
Marcelinho, meia de 17 anos do São Paulo, confirma e ainda alerta que a tragédia envolvendo o goleiro Bruno, do Flamengo, repercutiu muito no centro de treinamento das categorias de base do tricolor, em Cotia.
- A gente precisa saber da consequência. Vontade sempre dá, eu sou homem. Ainda mais porque é sempre mulher que chama bastante atenção. Mas tem que tomar cuidado para não jogar tudo para o alto. Estamos ralando aqui há muito tempo.
Ricardo Severo, treinador da equipe infantil do Santos, afirma que o ambiente que cerca esses garotos é um fator importante. Família e clube devem estar unidos na formação dos jovens, para que eles não se percam. O clube da Vila Belmiro procura orientá-los com palestras sobre sexualidade, DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e temas relacionados.
- Esses garotos têm pressão de vários lados. Dirigentes, treinadores, empresários, família. Muitos não assimilam. Os meninos são assediados na escola, pedem para tirar foto. Tem moleque de 15 anos com contrato com a Nike, que ganha R$ 30 mil por mês. A mulherada cai matando.
O meia do Santos, Jean Carlos Chera, de 15 anos, é um desses garotos que, entre patrocínio e salário, recebe cerca de R$ 30 mil por mês e é uma estrela precoce. Declarações de amor ao jogador em comunidades do Orkut ou vídeos do Youtube são comuns. O camisa 10 do infantil do clube praiano é tímido ao falar sobre o assunto. Mas seu pai, Celso Chera, que cuida de sua carreira, não tem meias palavras.
- Isso é um problema sério. Acontece muito, ele é parado na praia, na porta do colégio. Acaba a aula e as meninas estão na porta do colégio esperando, querendo conhecer o Jean. Até a diretora do colégio já chegou a chamar a gente para uma conversa, para alertar. Em jogo elas ficam em cima do menino, querem foto, camisa. Se já é assim agora, imagina quando for profissional. Mas ainda bem que ele é um menino tranquilo. Tanto nós da família quanto o clube o orientam muito bem. Então, ele nunca deu problema.
O diretor de futebol de base do São Paulo, Marcos Tadeu, vai pelo mesmo caminho ao dizer que a garotada realmente precisa adquirir uma maturidade antecipada na hora de lidar com as tentações que uma carreira promissora no futebol oferece.
- O que vai diferenciar muito um atleta do outro no caminho de se tornar profissional é a cabeça. Nós temos um núcleo social, psicológico e pedagógico de informações e de contato com a família. É preciso trabalhar constantemente com o atleta, de tal maneira que ele compreenda a função dele na sociedade, que envolve um tema como esse.
De acordo com o código penal brasileiro, a relação sexual de um indivíduo maior de idade com um menor de 14 anos, independente do sexo, é crime. Conforme previsto na lei brasileira, embora não seja o caso dos entrevistados, o maior pode sofrer ação penal pública, a ser punida com prisão de 8 a 15 anos.
Foto: Daia Oliver / R7; Da esquerda para direita: Danilo Vieira, Alfredo, Acácio e Marcelinho, jovens promessas do São Paulo no CT das categorias de base do clube.
Link da Reportagem: http://esportes.r7.com/futebol/noticias/feito-gente-grande-candidatos-a-estrelas-do-futebol-sofrem-com-o-assedio-de-mulheres-mais-velhas-20100815.html
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